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Alana Bransford Chaussê
Professora de Língua Portuguesa. Sou educadora desde o ano de 2002. Gosto muito do que faço, apesar de todos os obstáculos e dificuldades que encontro no meio do caminho. Tenho o compromisso de garantir uma educação de qualidade. Para mim, educar para cidadania é de fundamental importância. É necessário ensinar as nossas crianças e jovens não só a ler e escrever, mas a olhar o mundo a partir de novas perspectivas. Ensinar a ouvir, falar e escutar, despertar os educandos para a consciência dos direitos e deveres, a desenvolver atitudes de solidariedade, a aprender dizer 'NÃO' ao individualismo e 'SIM' à paz.
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sábado, janeiro 05, 2013

PARA REFLEXÃO

Esse texto é para nossa reflexão. Vendo essa trajédia que está acontecendo em alguns lugares do Rio de Janeiro me fez pensar qual o motivo da enchente. E assistindo o jornal ontem, vi o depoimento de alguns moradores dizendo que fazia um tempo que não havia coleta do lixo e eles jogavam o lixo dentro do rio mesmo. E esse é o  motivo, minha gente, da enchente! Eu sei que é uma trajédia, é muito triste, mas essa é a consequência, mais uma vez, da ação do homem. Por favor, respeitem a Natureza! A Natureza precisa respirar! Vamos aprender a estar aqui no planeta! Contudo, vamos ser solidários com esssas pessoas que passam por esse momento difícil.


MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Trad. De Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawya. 3ª edição – São Paulo: Cortez. Brasília-DF: UNESCO, 2001: p. 63-78.


Ao se examinar as crenças do passado, pode-se concluir que a maioria contém erros e ilusões.

Pensando em cinqüenta anos atrás, por exemplo, pode-se constatar como a humanidade erra e se ilude com o mundo e a realidade. A mente humana é tão dependente da ilusão que, apenas 2% do sistema neurocerebral do homem é voltado para o mundo externo, enquanto 98% estão direcionados ao sistema interno, psíquico. Por isso, o homem possui o self-decption, fonte de erros e ilusões, fazendo com que cada um minta para si próprio tentando explicar o mal para outrem. Esse fator é importante, pois o conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução e não um reflexo ou um espelho da realidade. O conhecimento sob forma de ideias, teorias, comporta o risco de erro no momento em que sofre traduções, transcrições e reconstruções.

Um grande problema que se apresenta de maneira muito evidente e perceptível é pensar que a idéia é a realidade. Outras causas de erro são as diversidades e diferenças culturais, sociais e étnicas. Cada um pensa que suas idéias são as mais evidentes e incontestáveis e esse pensamento leva a idéias normativas. Aquelas que não estão dentro desta norma, que não são consideradas normais, são julgadas como um desvio doentio, patológico e são taxadas como ridículas. Isso ocorre nas ideologias políticas, no domínio das grandes religiões e também nas ciências, que às vezes precisa de um longo tempo para que suas teorias sejam aceitas. As idéias e teorias são fatores que nos envolve e nos domina a ponto de levar as pessoas a matar ou morrer. “Os fatos são teimosos, mas, na realidade as idéias são ainda mais teimosas do que os fatos e resistem aos fatos durante muito tempo”. [1] A educação deve ajudar na reflexão de que o problema do conhecimento não é um problema restrito. É de todos e cada um deve levá-lo em conta desde muito cedo e explorar as possibilidades de erro para ter condições de ver a realidade.

A partir das duas últimas décadas do século XX, vivemos em um processo de mundialização e de globalização da economia mundial. Produtos fabricados em todas as partes do mundo puderam ser comercializados em todos os continentes, algumas pessoas em todo o planeta mantêm hábitos de consumo semelhantes, como beber refrigerantes das mesmas marcas, comerem nas mesmas redes de lanchonetes e restaurantes ou usar o mesmo tipo de roupas, por exemplo, o jeans. O desenvolvimento tecnológico nas áreas da informática e telecomunicações permite que uma pessoa receba informações em tempo real em qualquer ponto da superfície terrestre e informações essas, transmitidas em uma altíssima velocidade. Estamos submersos na complexidade do mundo e as incontáveis informações que se renovam a cada segundo, sufocam nossas possibilidades de inteligibilidade, ou seja, nossa capacidade de aprender, apreender e compreender bem os acontecimentos que nos cercam. Em comparação com cinqüenta anos atrás, hoje se vai muito mais rápido, por exemplo, do Rio de Janeiro ao Japão, no lado oposto do planeta. A televisão, os jornais, as revistas e mais recentemente a Internet informam em tempo real o que acontece no mundo inteiro. Isso nos dá a impressão de que o mundo ficou menor e encolhido. E conseqüentemente, é de se notar que a capacidade dos indivíduos de refletir e pensar na condição de si mesmo e do outro também diminuiu.
A mundialização favoreceu o progresso das ciências, da tecnologia, da economia, mas fez a humanidade esquecer a semelhança básica que existe entre todos os povos: de que a humanidade é uma só e ocupa o mesmo espaço geográfico – a superfície do planeta Terra. As pessoas ocupam níveis e dimensões de espaço diferentes. Cada povo possui seus costumes, seu idioma, sua fala, mas sempre haverá alguma semelhança entre todos os segmentos sociais, entre todas as cidades, entre todos os países, principalmente, porque fazemos parte de uma única, primeira e última dimensão planetária. Única porque a humanidade vive e limita-se ainda à superfície terrestre. Primeira, pois, segundo Edgar Morin, somos “produtos do desenvolvimento da vida da qual a Terra foi matriz e nutriz”. Última porque não há tecnologia que garanta a sobrevivência do homem em outros astros. Ainda não é possível viver fora desse espaço planetário – a Terra.
“Todos os humanos, desde século XX, vivem os mesmos problemas fundamentais de vida e de morte e estão unidos na mesma comunidade de destino planetário. Durante milhares de anos, cada povo, em geral reconhecia apenas a si próprio como “humano” e considerava os demais “bárbaros” ou “inferiores”, indignos de serem considerados iguais. E hoje, depois de séculos, e da criação de um espaço mundial, depois de tanto desenvolvimento tecnológico, econômico e científico, a humanidade continua com esse pensamento rudimentar. A exigência racional mínima desse mundo encolhido e interdependente é a união planetária”. Tal união pede a consciência e um sentimento de pertencimento mútuo que unam todos a esse espaço planetário.
Contudo, é importante e necessário aprender a “estar aqui” no planeta. Isso significa aprender a ser, a viver, dividir e comunicar como seres humanos do planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos. As pessoas precisam se dedicar não só a dominar, mas a condicionar, pois, se a vida não é determinada, tem-se a possibilidade de ultrapassar todo condicionamento imposto pela mesma, oferecer-se também ao serviço de melhorar e compreender. E a compreensão é algo para se exercitar, pois, nunca se ensina sobre como compreender uns aos outros, como compreender os vizinhos, os parentes, os pais. O termo compreender vem do latim, compreendere, que quer dizer, colocar junto todos os elementos de explicação, ou seja, não ter somente um elemento de explicação, mas diversos. O que faz com que se compreenda alguém que chora, por exemplo, não é analisar as lágrimas no microscópio, mas saber o significado da dor, da emoção. Portanto, é preciso compreender a compaixão, que significa sofrer junto, viver em simbiose. È isto que permite a verdadeira comunicação humana.
A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Isto se agrava cada vez mais à medida que o individualismo ganha um espaço cada vez maior. A sociedade é individualista e favorece o sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o etno-sociocentrismo, e conseqüentemente, alimenta a rejeição ao outro. Compreender não só os outros como a si mesmo, autoexaminar-se, autoanalisar-se é necessário, pois, o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão que é um grande empecilho para o relacionamento entre os seres humanos. Devemos inscrever em nós:
      A consciência antropológica que reconhece a unidade na diversidade;
      A consciência ecológica, ou seja, a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva. E quando os indivíduos reconhecerem a união consubstancial com a biosfera, abandonarão o sonho do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra;
      A consciência cívica terrena, isto é, da responsabilidade e da solidariedade para com os filhos da Terra;
      A consciência espiritual da condição humana, que decorre do exercício complexo do pensamento e que permite, ao mesmo tempo, as pessoas criticarem-se mutuamente, fazer uma autocrítica de si mesmas e compreenderem-se mutuamente.

Paulo Freire, em sua obra Pedagogia dos sonhos possíveis, nos diz que MUDAR É DIFÍCIL, MAS É POSSÍVEL.
Para tanto, torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das sociedades.


[1] Lênin.
 

 

2 comentários:

# ESPAÇO LADY ELAINE # disse...

olá !

mulher abençoada...
vim fazer uma visitinha e acabei ficando..te seguindo, espero ser aprovada, para retornar.
sempre neste espaço criativo.
FELIZ ANO NOVO ! COM SAÚDE E MUITO SUCESSOS.

BEIJOKAS...

Alana Bransford Chaussê disse...

Olá! Que bom que você ficou! Com certeza está aprovadíssima. Amei o seu blog, suas artes. que mãos abençoadas as suas. FELIZ 2013! DESEJO-LHE TUDO DE BOM. Um abração.

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