Esse texto é para nossa reflexão. Vendo essa trajédia que está acontecendo em alguns lugares do Rio de Janeiro
me fez pensar qual o motivo da enchente. E assistindo o jornal ontem,
vi o depoimento de alguns moradores dizendo que fazia um tempo que não
havia coleta do lixo e eles jogavam o lixo dentro do rio mesmo. E esse é
o motivo, minha gente, da enchente! Eu sei que é uma trajédia, é muito
triste, mas essa é a consequência, mais uma vez, da ação do homem. Por
favor, respeitem a Natureza! A Natureza precisa respirar! Vamos aprender a estar aqui no planeta! Contudo, vamos ser solidários com esssas pessoas que passam por esse momento difícil.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à
educação do futuro. Trad. De Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawya. 3ª
edição – São Paulo: Cortez. Brasília-DF: UNESCO, 2001: p. 63-78.
Ao se examinar
as crenças do passado, pode-se concluir que a maioria contém erros e ilusões.
Pensando em
cinqüenta anos atrás, por exemplo, pode-se constatar como a humanidade erra e
se ilude com o mundo e a realidade. A mente humana é tão dependente da ilusão
que, apenas 2% do sistema neurocerebral do homem é voltado para o mundo
externo, enquanto 98% estão direcionados ao sistema interno, psíquico. Por
isso, o homem possui o self-decption, fonte de erros e ilusões, fazendo com que
cada um minta para si próprio tentando explicar o mal para outrem. Esse fator é
importante, pois o conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma
reconstrução e não um reflexo ou um espelho da realidade. O conhecimento sob
forma de ideias, teorias, comporta o risco de erro no momento em que sofre
traduções, transcrições e reconstruções.
Um grande
problema que se apresenta de maneira muito evidente e perceptível é pensar que
a idéia é a realidade. Outras causas de erro são as diversidades e diferenças culturais,
sociais e étnicas. Cada um pensa que suas idéias são as mais evidentes e
incontestáveis e esse pensamento leva a idéias normativas. Aquelas que não
estão dentro desta norma, que não são consideradas normais, são julgadas como um desvio doentio, patológico e são
taxadas como ridículas. Isso ocorre nas ideologias políticas, no domínio das
grandes religiões e também nas ciências, que às vezes precisa de um longo tempo
para que suas teorias sejam aceitas. As idéias e teorias são fatores que nos
envolve e nos domina a ponto de levar as pessoas a matar ou morrer. “Os fatos
são teimosos, mas, na realidade as idéias são ainda mais teimosas do que os
fatos e resistem aos fatos durante muito tempo”. [1] A
educação deve ajudar na reflexão de que o problema do conhecimento não é um
problema restrito. É de todos e cada um deve levá-lo em conta desde muito cedo
e explorar as possibilidades de erro para ter condições de ver a realidade.
A partir das
duas últimas décadas do século XX, vivemos em um processo de mundialização e de
globalização da economia mundial. Produtos fabricados em todas as partes do
mundo puderam ser comercializados em todos os continentes, algumas pessoas em
todo o planeta mantêm hábitos de consumo semelhantes, como beber refrigerantes
das mesmas marcas, comerem nas mesmas redes de lanchonetes e restaurantes ou
usar o mesmo tipo de roupas, por exemplo, o jeans. O desenvolvimento tecnológico
nas áreas da informática e telecomunicações permite que uma pessoa receba
informações em tempo real em qualquer ponto da superfície terrestre e
informações essas, transmitidas em uma altíssima velocidade. Estamos submersos
na complexidade do mundo e as incontáveis informações que se renovam a cada
segundo, sufocam nossas possibilidades de inteligibilidade, ou seja, nossa
capacidade de aprender, apreender e compreender bem os acontecimentos que nos
cercam. Em comparação com cinqüenta anos atrás, hoje se vai muito mais rápido,
por exemplo, do Rio de Janeiro ao Japão, no lado oposto do planeta. A
televisão, os jornais, as revistas e mais recentemente a Internet informam em
tempo real o que acontece no mundo inteiro. Isso nos dá a impressão de que o
mundo ficou menor e encolhido. E conseqüentemente, é de se notar que a
capacidade dos indivíduos de refletir e pensar na condição de si mesmo e do
outro também diminuiu.
A
mundialização favoreceu o progresso das ciências, da tecnologia, da economia,
mas fez a humanidade esquecer a semelhança básica que existe entre todos os
povos: de que a humanidade é uma só e ocupa o mesmo espaço geográfico – a
superfície do planeta Terra. As pessoas ocupam níveis e dimensões de espaço
diferentes. Cada povo possui seus costumes, seu idioma, sua fala, mas sempre
haverá alguma semelhança entre todos os segmentos sociais, entre todas as
cidades, entre todos os países, principalmente, porque fazemos parte de uma
única, primeira e última dimensão planetária. Única porque a humanidade vive e
limita-se ainda à superfície terrestre. Primeira, pois, segundo Edgar Morin,
somos “produtos do desenvolvimento da vida da qual a Terra foi matriz e
nutriz”. Última porque não há tecnologia que garanta a sobrevivência do homem
em outros astros. Ainda não é possível viver fora desse espaço planetário – a
Terra.
“Todos os
humanos, desde século XX, vivem os mesmos problemas fundamentais de vida e de
morte e estão unidos na mesma comunidade de destino planetário. Durante milhares de anos, cada povo, em geral
reconhecia apenas a si próprio como “humano” e considerava os demais “bárbaros”
ou “inferiores”, indignos de serem considerados iguais. E hoje, depois de
séculos, e da criação de um espaço mundial, depois de tanto desenvolvimento
tecnológico, econômico e científico, a humanidade continua com esse pensamento
rudimentar. A exigência racional mínima desse mundo encolhido e
interdependente é a união planetária”. Tal união pede a consciência e um
sentimento de pertencimento mútuo que unam todos a esse espaço planetário.
Contudo, é
importante e necessário aprender a “estar aqui” no planeta. Isso significa
aprender a ser, a viver, dividir e comunicar como seres humanos do planeta
Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos. As
pessoas precisam se dedicar não só a dominar, mas a condicionar, pois, se a vida não é determinada, tem-se a
possibilidade de ultrapassar todo condicionamento imposto pela mesma,
oferecer-se também ao serviço de melhorar e compreender. E a compreensão é algo
para se exercitar, pois, nunca se ensina sobre como compreender uns aos outros,
como compreender os vizinhos, os parentes, os pais. O termo compreender vem do
latim, compreendere, que quer dizer,
colocar junto todos os elementos de explicação, ou seja, não ter somente um
elemento de explicação, mas diversos. O que faz com que se compreenda alguém
que chora, por exemplo, não é analisar as lágrimas no microscópio, mas saber o
significado da dor, da emoção. Portanto, é preciso compreender a compaixão, que
significa sofrer junto, viver em simbiose. È isto que permite a verdadeira
comunicação humana.
A grande
inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Isto se
agrava cada vez mais à medida que o individualismo ganha um espaço cada vez
maior. A sociedade é individualista e favorece o sentido de responsabilidade
individual, que desenvolve o egocentrismo, o etno-sociocentrismo, e
conseqüentemente, alimenta a rejeição ao outro. Compreender não só os outros
como a si mesmo, autoexaminar-se, autoanalisar-se é necessário, pois, o mundo
está cada vez mais devastado pela incompreensão que é um grande empecilho para
o relacionamento entre os seres humanos. Devemos
inscrever em nós:
•
A consciência antropológica que reconhece
a unidade na diversidade;
•
A consciência ecológica, ou seja, a
consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva. E
quando os indivíduos reconhecerem a união consubstancial com a biosfera, abandonarão
o sonho do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre
a Terra;
•
A consciência cívica terrena, isto é, da responsabilidade
e da solidariedade para com os filhos da Terra;
•
A consciência espiritual da condição humana,
que decorre do exercício complexo do pensamento e que permite, ao mesmo tempo, as
pessoas criticarem-se mutuamente, fazer uma autocrítica de si mesmas e
compreenderem-se mutuamente.
Paulo Freire,
em sua obra Pedagogia dos sonhos possíveis, nos diz que MUDAR É DIFÍCIL,
MAS É POSSÍVEL.
Para tanto,
torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo
o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em
posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das
sociedades.
2 comentários:
olá !
mulher abençoada...
vim fazer uma visitinha e acabei ficando..te seguindo, espero ser aprovada, para retornar.
sempre neste espaço criativo.
FELIZ ANO NOVO ! COM SAÚDE E MUITO SUCESSOS.
BEIJOKAS...
Olá! Que bom que você ficou! Com certeza está aprovadíssima. Amei o seu blog, suas artes. que mãos abençoadas as suas. FELIZ 2013! DESEJO-LHE TUDO DE BOM. Um abração.
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